sábado, 14 de agosto de 2010

LAN-TAM: destruir a Varig dá nisso

A notícia de que a Lan Chile – aliás uma empresa onde o presidente do país, Sebastian Piñera, detém 20% do capital – vai comprar a TAM é mais uma triste consequência da era neoliberal sobre a economia brasileira. O raciocínio privatista que impediu uma solução para o problema da Varig – fruto de má administração, sim, mas em grande parte dos maus negócios em aviação que o Brasil fez desde o Governo Collor – estão fazendo com que a nossa maior companhia aérea esteja sendo entregue ao capital externo, por mais que a legislação brasileira proíba que mais de 20% de sua composição seja aberta a capital externo.

Porque a tal Latam – acho que o nome não vai ficar este, horrível – não pode ser nacional se 70% do seu capital será da Lan, que por sua vez tem como grupo majoritário a Inversiones Costa Verde Limitada, onde participa Piñera. Vai se criar uma teia jurídica para, na prática, burlar a restrição legal com artifícios societários. E vão correr para cima do Congresso para que aprovemos a extensão para 49%v da presença estrangeira em companhias aéreas.

As promessas de que as duas companhias operarão separadamente nós já ouvimos muitas vezes. A Varig também ia ficar assim com a Gol, nao é? E a Ambev?

Essa conversa de sinergia é pra boi dormir. Há muito que as empresas aéreas de países diferentes trabalham com o code share e outros sistemas que permitem integrar vendas, apoio em solo, manutenção e tudo o mais.

Somos um dos maiores e melhores fabricantes de aviões de médio e médio-grande porte para a aviação civil e foi preciso que um americano nascido no Brasil, David Neeleman, comprasse aviões aqui para a sua empresa Azul para que os brasileiros pudessem voar nos jatos da Embraer que vendemos para o mundo todo, inclusive os EUA.

Um país das dimensões do Brasil não pode prescindir de ter uma política de transportes aéreos com olhos para os interesses nacionais. Ainda mais quando se registra um tráfego de passageiros cada vez maior. Não se está falando em estatização, mas em preservação do controle nacional que só um cego não veria que corresponde a uma política estratégica.

E é exatamente aí que se enquadra a necessidade do trem-bala. Os voos entre Rio e São Paulo representam cerca de 10% de todo a quantiodade de voos domésticos do país. Dá para dimensionar o quanto isso vale, não é? E como reduzir isso, pelo transporte ferroviário de alta velocidade afeta interesses poderosos.



Os conteúdos aqui expostos, são do ponto de vista total e completamente do autor do blog.

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