DO TIJOLAÇO 03/08/10
Intervenção de Lula suspende sentença de iraniana
A intervenção de Lula no caso da iraniana Sakineh Asthtiani, condenada à morte por adultério pelas leis islâmicas, pode ainda não ter tido um desfecho exitoso, mas uma primeira vitória já foi conquistada. Teerã anunciou hoje que suspendeu a sentença, que voltará a ser analisada pelo Judiciário do país.
Não se enganem os que costumam perguntar o que que o Brasil foi fazer no Irã, que a intervenção de Lula, que ofereceu asilo a Asthiani, foi a responsável pelo recuo do país na execução da sentença. Lula criou o fato político e ampliou mundialmente o absurdo da situação, mesmo que sob uma ótica de moral e de costumes diferente da nossa.
A atitude do presidente brasileiro repercutiu em todos os lugares. Os principais jornais do mundo deram amplo destaque à proposta brasileira, o que gerou uma pressão internacional para que o Irã aceitasse a oferta de Lula como gesto humanitário. O apelo do presidente renovou as esperanças da família de Ashtiani que já havia anunciado a disposição de viver no Brasil, conforme reportagem do Estadão, na edição desta terça-feira. A propostatem o apoio de ativistas que defendem os direitos humanos no Irã, e incentivou inúmeras comunidades internacionais a pedir pela vida da iraniana, de 43 anos, acusada de suposto adultério.
Muitos apostaram que a gestão brasileira seria infrutífera, e por aqui, certamente, não foram poucos os que torceram para que desse errado, mas com a decisão iraniana de suspender a execução e voltar a examinar a sentença judicialmente, Lula calou a boca de seus adversários e ganhou mais uma vez o reconhecimento mundial de líder inconteste.
Vamos todos torcer para um final feliz, mas desde já, embora não fosse essa sua intenção, Lula sai fortalecido do episódio perante a opinião pública das nações que acompanham com preocupação o destino de Sakineh.
1ª regra do debate: Lula é Dilma; Dilma é Lula
O pessoal da central antiboatos do PSDB pode ser preparar, porque o título do Estadão – Dilma treina falas curtas, Serra evita imagem arrogante – pode fazer com que muita gente acredite que o tucano não vai comparecer ao debate: afinal, Serra não parecer arrogante é algo que só pode acontecer se ele não aparecer…
Mas, brincadeiras à parte, será um momento importante – embora de pouca repercussão eleitoral direta, porque a audiência não será, ainda, muito alta – para Dilma Rousseff, especialmente. Ela terá pela frente três desafios, na minha opinião. O comportamental, o político e o da polêmica.
A primeira coisa, a meu ver, que deve ser lembrada é o eixo político e mental desta campanha, que tenho frisado aqui: Lula é Dilma e Dilma é Lula. Este é o princípio de tudo, a primeira coisa que deve ser transmitida ao telespectador. Todos devem ser avisados de que, embora os seus adversários não vão – talvez à exceção de Plínio de Arruda Sampaio que, apesar de suas posições equivocadas, é um homem que diz o que pensa – agredir diretamente Lula, o que vão dizer contra Dilma é o que gostariam de dizer contra Lula e não têm coragem eleitoral de fazer, diante da popularidade do presidente.
Essa é a marcação de território inicial a ser feita, com clareza, simplicidade e, até, humildade. Dilma deve lembrar que ela está ali porque Lula a escolheu, e a escolheu pelo desempenho e fidelidade com que participou oito anos de seu Governo. E que, embora esteja consciente de que a responsabilidade de Governo será sua, vai contar, como principal conselheiro de sua administração com o homem que, durante oito anos, mostrou que o Brasil pode ter mais justiça, mais progresso, mais emprego, mais salário.
Enfim, Dilma não deve dar ouvidos a qualquer marqueteiro que diga que ela precisa mostrar personalidade própria, antes de tudo. Isso virá naturalmente, com as respostas, a polêmica, o entrechoque. Ela a tem, não precisa se preocupar em mostrar. Se o fizer de forma deliberada, corre o risco de parecer arrogante. Mas a verdade, essa força invencível, é o que deve se ressaltar: Lula é Dilma e Dilma é Lula.
Não seria de todo mau ter na algibeira aquelas declarações do “antigo” Serra, de que Lula está acima do bem e do mal”.
A segunda é a linha de questionamento do “disse que ia fazer X e só fez Y”, sobretudo em relação às obras do PAC. Na impossibilidade de provar que já fez alguma coisa – talvez só o Rodoanel – “com mais de R$ 1 bi do Governo Federal, não é, Governador?” – a tática e Serra – Serra vai querer mostrar o tal “pode mais” que é o mote e sua campanha.
Modestamente, sugiro que Dilma mostre apenas e maneira sucinta os números das realizações, porque a televisão não se presta muito à fixação de dados e se prenda apenas aos números relativos a salário, emprego, consumo. E aí bata impiedosamente: ” o senhor se lembra daqueles “aposentados vagabundos dos quais falava o ex-presidente Fernando Henrique. O senhor sabia que estamos pagando a eles mais R$ 20 bilhões esta semana, por um reajuste que não estava nos planos da área econômica mas que, por sensibilidade social o Presidente Lula mandou pagar, contra a vontade dos técnicos”?
E o argumento mortal sobre o pode mais: “a reforma da casa está demorando porque o inquilino anterior deixou ela destruída”.
Daqui a pouco eu falo mais sobre o debate
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