TIJOLAÇO.COM 21/04/10
O preço da covardia é a derrota
Volto ao assunto pesquisas preocupado com a falta de ação diante dos absurdos que estão acontecendo. Leio na Folha de S. Paulo que os tucanos estão entrando na justiça contra o Instituto Sensus. A alegação? Que tem pobre demais na amostra, pois o instituto Sensus teria usado um índice de entrevistas muito maior que o real e do que o declarado ao TSE.
Trancrevo o jornal, literalmente:
“Essa discrepância se concentrou no percentual de entrevistados dentro da menor faixa de renda -aqueles que ganham até um salário mínimo. Nos dados passados ao TSE, esses entrevistados representariam 6% do total. No entanto, o PSDB afirma que o valor verificado na fiscalização é 17,7%.”
Ora, você pode ver, pela página do registro da pesquisa no TSE que a afirmação do PSDB não merece outro nome senão o de mentira. Está lá, para quem quiser ver, que a parcela de entrevistados até um salário mínimo é de 16,3%. Se são 17,7% nas entrevistas está dentro de uma variação normal quando você colhe dados, porque não pode adivinhar extamente o perfil de cada casa sorteada para entrevista. E você viu aqui que, em outras pesquisas, é normal uma pequena variação sobre a base amostral ideal.
Pequena, não a variação gigantesca que o Datafolha fez, aumentando a participação do Sudeste de 42 para 61% e reduzindo o Nordeste de 27,99 para 18,4%!Reproduzo a imagem do registro da pesquisa Sensus, que você pode verificar na página do TSE, consultando o protocolo 7594/2010.
Além do mais, o Brasil só teria apenas 6% de seus habitantes com renda de menos de um salário mínimo se não tivessem havido os oito anos de governo do PSDB! Quem dera que só tivéssemos 6% de pobres! O queridinho dos tucanos, o Datafolha, trabalha com um percentagem de cerca de 50% de entrevistados com renda abaixo de 2 salários mínimos.
E ninguém vai reagir. Eu vou continuar chiando aqui, divulgando, combatendo, mas a ação jurídica compete ao PT. Só o que leio, porém, é a nota em uma coluna na mesma Folha dizendo que uns capa-preta foram criticar o Marcelo Branco, corrdenador da campanha de Dilma na internet, por ter retuitado a denúncia de manipulação da Globo no clipe de seus 45 anos, dizendo apenas o óbvio, que ele e todo mundo estava vendo a propaganda subliminar,
Graças à blogosfera e a participação de gente como Marcelo Branco a manobra foi abortada.
Mas tem uns burocratas que querem ficar de bons-moços com a Globo e com os Dudas Mendonça da vida. A carreira deles é que importa, a eleição de Dilma é circunstancial.
Dias atrás, eu disse aqui que o Marcelo Branco não era um mercenário, era um lutador de muitos anos pela liberdade e pelo acesso de todos à informação via internet. É por ser assim que já estão plantando nota contra ele.
Eu vou repetir aqui o que disse o próprio Lula, dias atrás: quando a gente aceita a lógica do adversário e não reage, já está derrotado.
E não vamos ser derrotados, por o povo brasileiro vale mil vezes mais que uns “gravatinhas” que já esqueceram que foi esse povão sofrido, maltrapilho e valoroso que os colocou lá.
Viva Brasília!
No interessantíssimo livro “O dia em que Getúlio matou Allende”, o jornalista Flavio Tavares conta uma curiosa passagem sobre Juscelino Kubitschek. Em abril de 1956, recém-empossado, JK sobrevoa o Planalto Central, vê o cerrado imenso e diz a seus assessores: “Vamos fazer uma ponte! Se possível duas”. O silêncio de espanto geral foi interrompido por uma singela pergunta dirigida ao presidente sobre que ponte ele estava falando se lá não havia rio, enseada ou baía. “Se não há rio, construiremos um lago e sobre ele edificaremos as pontes”, respondeu o visionário JK, antevendo o Paranoá.
Essa história reflete bem a crença de Juscelino na capacidade de realizar sonhos, cuja mais perfeita tradução é a construção de Brasília, que hoje completa 50 anos, ainda moderna. A cidade que saiu da cabeça do presidente é a maior representação do desenvolvimento, que levou o Brasil a acreditar em si mesmo. A construção daquela cidade futurista num país que ainda saía da fase pré-industrial acabou com o complexo de vira-latas do Brasil, como diria Nelson Rodrigues.
Não faltaram os “urubus” de plantão para achar que nada ia dar certo. Muitos disseram que o Paranoá jamais iria encher. Com o lago pronto, espalharam que a água fora levada, de avião, do Rio, Belo Horizonte e São Paulo. A pequenez dos detratores desapareceu na grandiosidade da construção da nova capital, que integrou o país.
Brasília se consolidou como capital política, apesar do isolamento que lhe foi imposto pelos generais, que tomaram o país e desvirtuaram sua concepção social, pensada por Lucio Costa e Oscar Niemeyer. Com os ventos da redemocratização, recuperou seu papel e foi novamente ocupada pelo povo em momentos históricos, como a gigantesca manifestação pelas Diretas Já e a posse de Lula.
Esta jovem e linda senhora, que começou a nascer em 1956, inunda pelos olhos o coração, porque as amarguras do presente difícil e mesquinho não sufocam o amor que lhe sentimos por representar o que vemos em seus traços encantadores: a esperança de uma nova vida.
Hoje não é dia de falarmos dos acertos e erros de Juscelino em matéria política e econômia. Nem de falar dos problemas de Brasília, da precariedade das cidades satélites, do crescimento acima do previsto e das coisas vergonhosas que levaram a política brasiliense para as páginas de polícia. Podemos esquecer por uns momentos dessa vergonhosa eleição indireta, que elegeu um arrudista que não pode ter bom futuro.
Hoje, nada chega aos pés do meio século da capital brasileira, um milagre de beleza e sonho que, 50 anos depois, ainda espanta o Brasil e o mundo pela sua singela grandiosidade.
Datafolha “explica” e se complica
O diretor do Datafolha, Marcos Paulino, tentou explicar, hoje, ao Terra Magazine, a desproporção regional das entrevistas que vários blogs – e o tijolaco.com – apontaram na pesquisa de março, aquela em que Serra “abriu” vantagem para Dilma.
-”Sempre que nós colhemos as amostras para ter um resultado também por Estado, há aumento no número de entrevistas”, afirmou. “Mas isso não significa que o resultado final não seja ponderado para que represente cada Estado”.
Então a explicação é essa? Falta, então, explicar:
1- Se o Datafolha registrou resultados por Estado, porque não os divulgou? São para consumo interno seu ou para o de alguma candidatura?
2- Porque não resistrou no TSE que estava fazendo uma pesquisa estadual?
3- Ponderação do resultado final? Amostra da amostra? Quando, numa pesquisa, você tem uma pequena discrepância no número de entrevistas, até vá lá, embora não seja o método correto quando você tem todo o tempo que quiser para pesquisar o número de questionários desejado. E a Folha não explicou nem aos leitores, como a Datafolha não registrou no TSE que as amostras regionais sofreriam esta “extrapolação”.
Onde está o Ministério Público Eleitoral? Há uma fraude confessada. A abrangência da pesquisa, segundo o registro no TSE, é nacional, não estadual. Onde estão os dados estaduais, que jamais foram publicados?
Se havia um dupla abrangência – estado ou estados – porque a pesquisa foi registrada no TSE apenas como de abrangência regional? A lei é só uma brincadeirinha?
Este escândalo não vai ter repercussão na mídia. Há um silêncio completo nos grandes jornais.
Depende de nós, da nossa mobilização evitar uma fraude contra o processo de formação de consciência do povo brasileiro.
Vocês acham que a Justiça Eleitoral ia tirar do ar o clipe pró-Serra da Globo. Foi mais fácil ela própria tirar, com a nossa pressão, que algum juiz ver o óbvio e tomar as providências. O PT não vai à Justiça com medo de parecer perdedor. O PSDB, por 1%, disso foi, contra a Sensus.
Estamos diante de um caso confesso de, no mínimo, irregularidades numa pesquisa. Vamos ficar parados?
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