sábado, 6 de março de 2010

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Uma empresa chamada Ceará
“Nunca ponha um político para governar uma empresa.
Nunca punha um empresário para dirigir um governo”.
Lembrei-me dessa frase que alguém escreveu quando tomei conhecimento do estudo do Banco Mundial sobre a pobreza no Ceará. Se a empresa vai bem, a economia do empresário vai bem, mas as contas e as vidas dos operários podem ser péssimas. É isso que tem acontecido no Ceará durante os quatro governos dos empresários do PSDB. O que melhorou na “Empresa Ceará?” Tudo aquilo que uma empresa deve melhorar para ter seu lucro garantido: foi superada a situação de endividamento, foram “enxugados” os quadros de funcionários, cobraram-se impostos de quase todos os que deviam pagar. Assim vendeu-se a imagem de uma administração bem moderna.
Só que os administradores da “Empresa Ceará” esqueceram os operários,ou seja, os cearenses. Faz anos que os movimentos populares e sindicais, partidos de esquerda, personalidades e técnicos não tucanos, pastorais e outras organizações sociais estão dizendo que a miséria e o sofrimento do povo continuam. Foi necessário um estudo do Banco Mundial ( Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – Bird ) para o governo fingir, diante da opinião pública, que não estava sabendo da pobreza do Ceará: 49% da população de Estado sobrevive com menos de R$ 65,00 mês. E quem tem algum trocado a mais também não vive no luxo.

E há mais coisas que o Banco Mundial não disse: que
de 1991 a 1996 a indústria cearense perdeu 40.300 empregos; que a terra, de 1986 para cá, continuou se concentrando; que os governos tucanos perderam, em 12 anos, 2 milhões de hectares de terra plantada; que hoje, com 7 milhões de habitantes, o Ceará planta um milhão de hectares a menos que em 195, quando tinha 2,7 milhões de habitantes; que nos últimos sete anos o número de leitos hospitalares caiu em mil unidades; que o tratamento dado ao trabalhador rural na última seca foi pior de todos as secas; que o crescimento do PIB estadual nos últimos quatro anos vem caindo sistematicamente:...

Quando os setores não subservientes da sociedade expunham suas críticas e suas propostas aos ensurdecidos setores governamentais, queriam dizer exatamente a mesma coisa que o Banco Mundial. Queriam que, enquanto se erguiam elefantes-brancos com fundos estaduais, os pescadores continuavam pescando em barcos arrendados porque não tinham
jangada própria, isso perto de um porto para navios de até 250 mil toneladas ( uma boa jangada pode custar até R$ 10 mil ); que os sertanejos continuavam sem água perto do açude Castanhão, com capacidade para seis bilhões de metros cúbicos de água ( e uma cisterna de placas de 15 mil litros R$ 400 ); que os cearenses continuavam com transporte e estradas em péssimas condições ao lado de um novo aeroporto internacional;...

Nossos reis sabiam, a cada dia, o que estava acontecendo. Construíam essa política arrasadora em plena consciência. Não foi por dá cá aquela palha que montaram uma maquina de propaganda de 20 milhões/ano para enganar os operários da “Empresa Ceará” e poder dividir, sem maiores interferências, o resto da bolada. A irritação deles com os dados do Banco Mundial ( que não é nenhum paladino preocupado em defender donzelas e injustiçados ) é proporcional à surdez e ao desprezo com que eles trataram, sempre, os sábios que não lhe são subservientes.

Essa grande bodega neoliberal não é a solução, mas o problema do Ceará.

Quantas vidas humanas jogadas fora em nome dos interesses de uma ínfima minoria!... Para nós, atrás das estatísticas e dos números existem vidas humanas, filhas e filhos de Deus. Porventura alguma mulher ou filha de chefe tucano já passou por cinco hospitais da capital tentando uma internação, como aconteceu com dona Elizabeth, do Parque Genibaú? Ela voltou para casa às onze e meia da noite de quarta-feira sangrando. Tem câncer, mas não há vagas.

Vem muito a propósito aqui esta passagem da Bíblia: “Eia, pois agora vós ricos, chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e os vossos vestidos estão corroídos de traça. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram...” ( Tiago 5: 1-3 )

Fortaleza, 9 de julho de 1999

Pe. Ermanno Allegri


Que a maldição de Deus recaia sobre o “político” Tasso Jereissati afastando-o definitivamente dos caminhos do povo do Ceará.

Antonio Ibiapino da Silva - comandantey@yahoo.com.br

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