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Em entrevista a internautas, Dilma aponta Educação como prioridade para o país
19.04.2010
A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, disse nesta segunda-feira (19), na estréia de seu site pessoal Dilma na web, que a prioridade do país tem de ser a Educação, porque só assim a raiz de um dos principais problemas nacionais, a desigualdade social, será resolvida. “A educação é fundamental para romper ciclo de desigualdade que existe no Brasil. Ter educação significa que vamos ter futuro. Demos os primeiros passos para tirá-la da inércia. Pensamos a educação desde a creche até a universidade. Estou convencida também que tratar da educação é resolver o problema na raiz”, disse ela, em resposta ao blogueiro gaúcho, Marco Aurélio Weissheimer.
O lançamento ao vivo do site pela Internet contou com a participação de tuiteiros e blogueiros do Brasil e do exterior. Foram registrados 7,2 mil acessos simultâneos durante a transmissão. O internauta Francisco perguntou via Twitter se Dilma voltaria a dialogar com os internautas pelo site. Ela disse que, uma vez por semana, pretende ter uma conversa pela Internet, como a que foi realizada hoje. “Nós vamos procurar dentro do nosso possível manter uma fala ou uma conversa com vocês pelo menos uma vez por semana. Podem ter momentos que não poderemos fazer. Mas a ideia é essa.”
Descontraída, Dilma falou sobre os livros que está lendo atualmente, disse que gosta de novelas de televisão, mas lembrou que não está assistindo às atuais, e agradeceu a uma internauta que mandou uma mensagem dizendo que achava a ex-ministra da Casa Civil mais bonita de óculos.
O índio Anápuáka Muniz Tupinambá, um dos blogueiros que fez perguntas a Dilma, quis saber como ela vê as redes sociais da Internet. Dilma disse que achava essas ferramentas fundamentais para a Educação e para as relações das pessoas. “Eu acredito que as redes sociais, o Twitter, o Orkut, o Facebook são fundamentais para fazer essa relação que a Internet propicia. Quando se trata da luta das populações indígenas, podem ser fundamentais para que se ouça a voz dos índios e da sua visão de mundo”, respondeu.
Dilma ressaltou ainda a importância de levar o serviço de Internet rápida (banda larga) para os lugares mais distantes do país e citou o programa do governo para levar a conexão às escolas brasileiras. Segunda ela, a Internet deve ter um papel intenso na política neste ano. “Os blogueiros, os tuiteiros terão papel importante. Em tempo real as pessoas poderão colocar suas dúvidas. Acho que vamos ter na Internet um instrumento muito grande para a democracia. A Internet vai ser muito importante, porque a gente vai ficar rouco de ouvir, a gente aprende com as sugestões, com as críticas”, disse, ao ser questionada pelo blogueiro Eduardo Guimarães.
Protagonista de um extraordinário enredo de progresso e amadurecimento, o Brasil está diante de um desafio imposto a poucos países. Manter a rota virtuosa traçada nos últimos anos ou pôr um freio às recentes conquistas sociais e econômicas? Promover o salto ainda maior, esperado por uma população que voltou a sonhar alto, ou retroceder aos passos lentos e sofríveis das duas décadas anteriores? Os que me conhecem sabem que, diante dessas indagações, eu fico com as primeiras respostas.
Não se trata de ver o país como uma escala binária entre o certo e o errado, entre o bom e o mau, entre o bonito e o feio. Trata-se de reconhecer a vitalidade de um momento definidor dos rumos do Brasil. Há vinte anos batendo às portas do clube dos países desenvolvidos, estamos a um passo de atravessar o seu umbral. Com estabilidade. Sem sobressaltos.
Poucas nações tiveram a oportunidade posta à disposição do Brasil. Estamos diante de uma versão nacional do Tratado de Kanagawa, firmado entre Japão e Estados Unidos, em 1854, que permitiu aos japoneses iniciar a grande virada em sua industrialização. Ou algo como a etapa seguinte à Guerra da Secessão nos Estados Unidos, quando norte-americanos se viram sob o acúmulo crescente de capital, expansão territorial e revolução nos transportes, a ponto de ultrapassarem os britânicos como a maior economia mundial. Talvez haja semelhança com o passo fundamental das reformas chinesas, iniciadas ao fim da década de 1970 por Deng Xiaoping, que impulsionaram a arrancada capaz de trazer à China a marca do gigante.
Resguardadas as circunstâncias históricas específicas de cada trajetória de desenvolvimento, o Brasil vive o seu momento. Sem se resignar à condição de cópia melhorada, mera reprodução de modelos importados, está construindo sua própria história, a partir das suas necessidades, singularidades e esperanças. Buscamos enterrar, de uma vez por todas, uma marca que se repetia de maneira exasperante: a enorme distância entre o falar e o fazer, entre o discurso e a realidade.
A gigantesca incorporação de grandes contingentes do povo ao mercado de consumo, por via do controle da inflação, das políticas sociais agressivas e da distribuição de renda, mostra que é hora de deixar o passado onde ele deve estar: para trás. Do mesmo modo, pode-se citar o fato de que, no governo Lula, do qual fiz parte, com muito orgulho, o Brasil rompeu a rotina histórica segundo a qual os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento crescerão quando crescerem os países ricos, e entrarão em crise junto com eles. Fomos os últimos a trafegar pelo terreno pantanoso da crise financeira internacional, e os primeiros a atravessá-lo. Repita-se: com estabilidade e sem sobressaltos. E sempre sob a proteção visível da democracia.
Não é boa política ignorar o passado. É preciso coragem para voltar os olhos aos erros cometidos, a fim de evitá-los no futuro. É assim que se constrói algo novo. Políticos que têm legítima ambição de chegar ao poder não podem fingir que caíram de paraquedas no meio da refrega. Como se não tivessem pisado em outros tapetes. Devem, contudo, uma vez esclarecido o que fizeram ou deixaram de fazer em suas trajetórias, voltar-se para o futuro e oferecer propostas ao julgamento do eleitor.
O Brasil é um país sedento de novas ideias, ávido por políticas públicas inovadoras que atendam às suas maiores carências. Quem aspira ao poder deve exibi-las, desde já, em vez de se preocupar apenas em depreciar o que está sendo feito. O salto para o futuro, em construção no presente, exige que se desatem alguns nós que nos prendem ao passado. Não há exemplo mais importante dessa imposição do que o caráter indispensável, fundamental, de uma educação de qualidade.
A educação é um dos gargalos para o desenvolvimento sustentado e para a elevação definitiva do padrão de vida dos brasileiros. O Brasil tem pressa. Enfrentará em breve – e nesse assunto não medimos o tempo por décadas ou anos, mas por meses – os desafios da sociedade do conhecimento. Precisa superar um atraso de raiz secular e, ao mesmo tempo, saltar para um futuro de acesso pleno, democrático, popular, à educação, ao ensino, à informação. Com rapidez. Sem pestanejar.
O governo Lula lançou as bases para essa nova etapa do desenvolvimento brasileiro. Retirou a política educacional de um estado de lassidão e a levou a uma mudança de paradigma. Ainda que se deva reconhecer que no governo anterior houve significativo investimento no aumento da escolaridade, no incremento do número de matrículas e na efetiva implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, na virada do milênio esses acertos se mostraram escassos para a exigência da nação. Houve negligência em relação ao ensino médio, estagnação do ensino técnico, paralisia das universidades públicas – com a duvidosa contrapartida de uma concepção privatista da educação, estimulando a criação desenfreada de escolas e faculdades particulares.
Lula reconstruiu a gestão da educação brasileira. Corrigiu a política da indiferença e estabeleceu novas prioridades – menos teóricas do que práticas, realizadas de fato ao longo de seu governo: uma política integrada de ensino, da creche à universidade; universalização da educação básica de qualidade; democratização do acesso ao ensino; garantia de permanência dos alunos na escola; superação da exclusão por classe social, etnia ou gênero; fortalecimento da relação do ensino com o trabalho; e, por último, mas, no entanto, mais importante, valorização dos profissionais da educação.
A revolução na educação brasileira não está marcada para começar no ano que vem. Começou com Lula, a partir de tudo o que havia sido construído antes dele, e a despeito de tudo o que se deixou de fazer antes que ele chegasse à Presidência. Política educacional – boa ou má – demora a mostrar resultados, e não pode ser feita aos soluços, mas como processo, caminhada constante. O espaço deste artigo, mesmo que generoso, não é suficiente para enumerar o que se fez nos últimos sete anos pela educação. A campanha eleitoral oferecerá o tempo necessário. O mais oportuno, aqui, é falar do próximo grande passo. O pulo do gato, talvez. O movimento que pode significar a diferença entre um salto para o futuro e uma volta à estagnação.
Assegurada a continuação das mudanças implantadas por Lula, a revolução evoluirá naturalmente para a ampla democracia no acesso à informação, à tecnologia, à cultura e, para usar a expressão mais contemporânea que resume tudo isso, ao conhecimento. O próximo grande passo é o pleno direito popular de acesso à internet em alta velocidade. Quanto maior a capacidade de um povo de processar informações complexas, mais conhecimento, riqueza e poder esse povo terá. A inclusão digital é uma exigência econômica, social e cultural, imprescindível para a competição entre os países e para as necessidades dos cidadãos.
Há enormes desigualdades a vencer nesse campo. Tão acentuadas ou até maiores que as que separam os brasileiros pobres e ricos em outros ramos de atividade. Mas nós temos um compromisso: superar a exclusão digital e, já numa primeira etapa, democratizar e universalizar o uso da internet de maneira massiva nas escolas públicas de todo o país. Nós temos os meios e os recursos para promover a revolução digital na educação. Teremos, inclusive, amparo legislativo, com uma lei, de autoria do senador do meu partido, Aloizio Mercadante, que prevê o uso intensivo de banda larga e a produção de material didático digitalizado em todas as escolas públicas.
Não vai demorar muito para que o Brasil seja, também, um país democrático quanto ao acesso pleno à informação. Essa revolução já começou nas escolas. E levará sua riqueza para todos os professores e estudantes do país.
*Publicado pela revista Veja
A pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, defendeu na semana passada, durante passagem por Porto Alegre e Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, a necessidade urgente de uma Reforma Tributária. Segundo ela, o atual governo percebeu na prática que desonerar a produção traz bons resultados para a economia e “chegou a hora” de simplificar a cobrança de impostos. Contudo, ela salientou que para isso é preciso haver muito diálogo e terá de ser criado um fundo de compensações para os estados que eventualmente venham a perder arrecadação com a mudança do sistema tributário.
“Acho que o Brasil precisa de desoneração fiscal. Provamos e sentimos isso na carne. Com a crise aprendemos muitas coisas", afirmou Dilma, durante palestra a empresários na Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). "Sem ter um fundo de compensações para estados que serão afetados pela reforma tributária, não se pode fazer reforma alguma.”
Ainda na Fiergs, Dilma afirmou que é preciso aumentar os recursos para a Educação, principalmente no custeio, e garantir qualidade no ensino. “Temos que aumentar gasto com educação sim. Caso contrário, não daremos o salto necessário. Sou muito comprometida com a questão do investimento. Mas a gente não contrata professor com despesa de investimento e sim de custeio. Pode ter escola maravilhosa, mas se não tiver bom professor não funciona”, argumentou.
Em Caxias do Sul, Dilma participou na sexta-feira (16) de um almoço com os empresários filiados à Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e depois visitou a unidade da Marcopolo e o Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz. Dilma comentou a visita em seu Twitter: "Fiquei impressionada com a fábrica de ônibus da Marco Polo. Trabalhadores movimentando com seu suor a economia local e nacional".
No Centro, ela se divertiu vendo os jovens tocarem músicas, recebeu presentes das crianças e estimulou a leitura nos jovens como meio de fortalecimento da democracia. Após assistir à apresentação musical dos jovens, Dilma brincou com o Mago da Leitura, personagem criado para estimular o hábito de ler das crianças. “Eu não fico sem ler um livro, não consigo dormir se não ler. Ler livro é como se você vivesse várias outras vidas, você não vive só a sua vida, você lê e consegue experimentar outras vidas. Então, estou de bem com o Mago. Viu, Mago, eu estou lendo todos os dias e então você pode me cumprimentar também. Um país que tenha crianças que leem será sempre um país melhor, com melhor formação e capacidade crítica e isso é muito bom pra democracia”, salientou.
Na viagem ao Rio Grande do Sul, Dilma também participou de uma plenária com os movimentos sociais no sábado (17) no Colégio Marista Nossa Senhora do Rosário. Segundo ela, que falou a representantes de mais de dez segmentos da sociedade civil, o Brasil precisa acabar nesta década com a miséria, universalizar a rede de esgoto sanitário e dar fim ao déficit habitacional. Quando Dilma tratou do tema da educação, a plateia respondeu com um grito: “ô, ô, ô, ô filho de pedreiro vai poder virar doutor”.
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