quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O PODEROSO DISCURSO DO REQUIÃO

O PODEROSO DISCURSO DO REQUIÃO

Atualizado em 10 de janeiro de 2010 às 02:01 | Publicado em 10 de janeiro de 2010 às 01:48

por Luiz Carlos Azenha

O que o governador do Paraná Roberto Requião elegeu como discurso de campanha não me parece exatamente uma novidade, mas tem sido articulado de tal forma que poderá ter impacto muito maior que os discursos de Marina Silva e Ciro Gomes na campanha eleitoral que se avizinha. É um tema difícil -- a economia --, mas Requião tem sido feliz na forma como o apresenta. Dificilmente o discurso de Requião ganhará a grande mídia, pois bate de frente com os principais patrocinadores dela. Duvido que queiram "adotar" o Requião, mesmo que ele tire votos da ministra Dilma: ele toca em questões nevrálgicas para o modelo como existe hoje e como provavelmente será preservado -- seja quem for eleito em 2010.

Por escrito, o discurso de Requião é o seguinte:

do site PMDB do Brasil

“O Brasil não pode continuar refém de quem mais errou: o Banco Central”, disse nesta quarta-feira (30) o governador do Paraná, Roberto Requião, sobre a condução da política econômica brasileira marcada pelos juros altos, os maiores do mundo, e a preferência pelo rentismo frente à produção. Mesmo em tempos de crise, o Banco Central manteve a Taxa Selic nos 8,75% ao ano, cortou o crédito aos pequenos e à produção, e agora incentiva a entrada de capitais especulativos na intenção de flexibilizar o câmbio e manter o consumo em alta.

“Atualmente, temos no Banco Central gente competente para cuidar da moeda, mas sem nenhuma sensibilidade social, sem capacidade de montar um plano agrícola, um plano viário, uma política de desenvolvimento ou uma política econômica para o Brasil”, disse Requião, pré-candidato do PMDB á Presidência da República.

Precarização

“O Banco Central quer que nos tornemos uma China, com menos habitantes, para vender ao mundo a precariedade do trabalho, o salário baixo, a exportação de commodities. Hoje, a venda de minérios e grãos para a China é o que sustenta nossa economia”, completou Requião. Para Requião, termos como Taxa Selic, Copom e spread já fazem parte do cotidiano brasileiro embora poucos ainda atentem o quão nefasto é à produção nacional e aos trabalhadores ficar refém das pragas econômicas criadas pelo neoliberalismo e que ainda se perduram.

Spread

“Desde domingo (27), as agências de notícias divulgam que o spread bancário, que é a diferença entre a taxa passiva e ativa dos bancos, custa R$ 261,7 bilhões aos brasileiros e é o mais alto de 40 países com o mesmo modelo”, apontou Requião. Estudo da Fiesp mostra que se a diferença entre a taxa de juros cobrada por bancos e financeiras e a taxa que eles pagam para captar recursos (spread) seguisse os padrões internacionais, esse custo cairia para R$ 71,5 bilhões, o que representa uma redução de R$ 190,2 bilhões.

"Isso significa um custo enorme à produção nacional, aos brasileiros, inviabiliza novos investimentos e dificulta, sobremaneira, o aumento dos salários. O estudo da Fiesp indica que spread equivale a 42,6% de tudo o que é investido no Brasil em formação bruta de capital fixo e a 12,3% do consumo das famílias. É mais uma praga do neoliberalismo”, disse Requião.

Redução do crédito

O plano de governo do PMDB, segundo Requião, vai propor a redução do custo de crédito no Brasil - um dos mais altos do mundo. “Só as grandes empresas, bem relacionadas com estado brasileiro, conseguem linhas de créditos satisfatórias. Enquanto isso, a parte mais importante da economia brasileira, onde está a parte avassaladora dos empregos e onde gera a maior parte do produto, as pequenas e médias empresas, estão carente de tudo, de acesso à crédito, à tecnologia, à conhecimento”, disse Requião.

As palavras de Requião se sustentam na análise do consultor Roberto Troster, ex-economista chefe da Federação Brasileira dos Bancos. Troster diz que a taxa média do custo de crédito para pessoa jurídica é mais de dez vezes superior à americana e na pessoa física a diferença é ainda maior. E que parte da causa das distorções está na falta de transparência e flexibilidade do mercado de crédito no País. Para Troster, enquanto há uma oferta rápida e generosa das linhas de crédito caras e demoradas, a oferta de linhas baratas é travada.

Juros altos

Requião também não concorda com a taxa básica de juros (Selic), mantida em 8,75% ao ano. Juros altos, segundo Requião, significam retração na produção e desemprego como efeito colateral. “Temos uma taxa de juros que continua asfixiando a produção e a abertura de novos postos de trabalho", disse.

Outro ponto nessa conta é que mais da metade da dívida pública do governo federal é indexada exatamente à taxa Selic. “Taxa alta, gastos de mais com juros, e menor investimento em escolas, hospitais, habitação, segurança e infra-estrutura”. “Não podemos ficar reféns de 20 mil especuladores que não estão dispostos a construir fábricas e gerar empregos, mas interessados em realizar ganhos rápidos, donos de um capital tão volátil quanto éter, capaz de ir embora com a mesma velocidade com que entra num mero clique da internet”, completa Requião.

Em vídeo, aqui.

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