sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

ENTREVISTA COMPLETA COM O PREFEITO ODACY AMORIM (PSB)

“O PSB precisa pensar mais em Petrolina” - Jornal do Commercio - PE / Online

Roseane Albuquerque [EMAIL]politica@jc.com.br [/EMAIL]

Quando assumiu a Prefeitura de Petrolina, maior cidade do Sertão pernambucano, Odacy Amorim (PSB) sabia que tinha muitos desafios pela frente. Entre eles, desmistificar a imagem de que vivia à sombra do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e ex-prefeito do município, Fernando Bezerra Coelho, de quem foi vice. Dois anos se passaram, e entre investimentos na área administrativa e um desgastante processo no campo político dentro do diretório municipal do PSB - travado com o deputado federal Gonzaga Patriota - o prefeito afirma que deixa o cargo de cabeça erguida e sem ressentimentos, disposto a abraçar novos desafios na vida pública. Nesta entrevista, ele fala das obras de sua gestão, da frustração por não disputar as últimas eleições, da amizade com Bezerra Coelho, do conturbado processo da convenção do PSB e do carinho que recebe das pessoas. E diz que só pensa em administrar até 31 de dezembro. Depois vai refletir sobre seus rumos.

JORNAL DO COMMERCIO - 

O senhor chega ao fim de dois anos de mandato. Qual a sua avaliação?

ODACY AMORIM - 

Terminamos estes dois anos com muito trabalho e resultados que têm aparecido. Tivemos um cuidado com a segurança da sociedade de Petrolina quando implementamos um projeto que trouxe resultados positivos com um dos maiores índices de redução de violência de Pernambuco. Há ações fortes na educação, quando terminamos o governo com quase cem salas de aulas construídas, oito escolas para ser inauguradas, fora as ampliações. Tem que se registrar também avanços na saúde, com a criação da Unidade de Pronto Atendimento, Hospital de Traumas, a chegada do Imip, a nova modelagem com a Fundação Pública de Saúde. Tenho trabalhado no Saneamento Básico. Foi marcante ser premiado como município que mais gerou emprego, como a cidade mais dinâmica de Pernambuco e segunda do Nordeste, ano passado. Este ano, fomos contemplados com o Plano Nacional de Eficiência em Gestão Ambiental na área de Saneamento Básico. Estamos saneando vários bairros, com um projeto de universalização do sistema de tratamento de esgoto de Petrolina. Nestes dois anos avançamos quase 28% da área de Saneamento Básico, isso dentro do que já foi concluído, o que está licitado ou em licitação. Agora, no que poderíamos fazer mais, entendo que um dos pontos é a habitação popular. Não foi por omissão nossa, o tempo não deu, não conseguimos viabilizar mais, mas vamos deixar cerca de 400 casas construídas em dois anos. 

JC - 

Fica um gosto de "quero mais"... 

ODACY - 

Sim. A vontade que tínhamos de passar mais quatro anos é porque a visão que eu tenho como gestor é de enfrentar os problemas de maneira profissional, procurar atingir o problema na base. Estou na corrida para inaugurar o shopping a céu aberto, mercado do turista. Tem os trabalhos no interior, aquisição de ambulâncias. Petrolina é o único município de Pernambuco de porte médio a ter dois hospitais públicos. Tudo isso tem uma marca boa, e fica a vontade de continuar. Graças a Deus, tem um calor e um respeito grande do povo para comigo, a emoção desse meu relacionamento com as pessoas. É algo muito forte. A vontade é de continuar.

JC -

 Quando assumiu a prefeitura muitos acreditavam que o senhor seria a "sombra" de Fernando Bezerra Coelho. Ao fim deste dois anos acredita que essa imagem foi desfeita? 

ODACY -

 Tenho certeza. A imagem se dava principalmente por alguns adversários que queriam me impedir de ser candidato, e conseguiram. E isso criava interrogação na cabeça do povo. Tenho por Fernando Bezerra Coelho um apreço grande, ele é um homem de visão larga, está fazendo um grande trabalho à frente da Secretaria de Desenvolvimento (do Estado), tocando as grandes obras de Eduardo Campos. A presença dele no Santa Cruz mostra esse dinamismo e a vontade dele. Minha vida pública tem sido respaldada pela forma de trabalhar com determinação e coragem, respeito pelas pessoas. E isso foi certamente me credenciando e o povo entendendo como sou. Tenho visão de lealdade e sei separar lealdade de subserviência. Não sei tratar lealdade com traição. 

JC - 

O senhor acha que foi traído pelo PSB? 

ODACY - 

Essa é uma questão que vamos superar, eu e o partido. Vivemos um momento onde o deputado (Gonzaga Patriota), já não basta o que fizeram comigo, procurou ensaiar uma expulsão minha do partido, de uma maneira até perversa. Mas isso é uma questão do partido. O governador já disse isso várias vezes, que ele percebeu erros na condução do processo em Petrolina. Em nenhum município do País um prefeito teve que se submeter ao que eu passei aqui. Mas entendo que isso vem como forma de aprovação e nos torna mais fortes. Não tem que ter ressentimento, tem que aprender a lição, tirar conclusões e andar em paz. Parece é que eu - que não tive o direito de disputar uma eleição - estou mais em paz do que o candidato que disputou e perdeu feio. A gente tem que pensar no bem. Estou tranqüilo e comprometido a continuar, dentro do possível, a ajudar o PSB. Se o partido demonstrar ter interesse na minha permanência. Fui o primeiro vereador do PSB em Petrolina, e é o partido que gosto. Claro que o PSB tem que fazer uma reforma urgente. Não pode deixar que Petrolina continue a passar o que está passando. Nós acabamos de sair de uma eleição. O partido tem que desautorizar que alguns usem termos que machuquem o outro lado. Tem que ter respeito. Já li em alguns jornais que Milton Coelho, a partir de janeiro, vai fazer algumas reuniões por aqui . Até do fim de dezembro o que eu quero é cuidar de meu governo e depois fazer minhas reflexões.

JC - 

Corre à boca miúda que o senhor teria sido convidado para assumir a superintendência da Codevasf em Petrolina em janeiro. A informação procede?

 ODACY -

 Isso é só conversa. De fato, não recebi convite direto para assumir cargo nenhum. Estou aberto é para contribuir e pegar qualquer oportunidade que me seja dada e que eu perceba que é algo conduzido por Deus. Aí sim, vou abraçar e conduzir. Enfrentar o desafio sem ver a questão pessoal, tem que se ver o coletivo e se me for dada missão a partir de janeiro no campo público, eu irei com muito prazer. Senão, Deus há de mostrar o caminho.

JC - 

Alguma pretensão para 2010?

 

ODACY - 

Olha, tenho interesse em permanecer na vida pública. Uma das coisas mais difíceis para mim foi não ter tido o direito de ter meu nome julgado pelo povo, não ter saído candidato a prefeito, minha esposa não ter disputado a eleição de vereadora. Isso foi forte. Mas por um lado, é um teste de paciência. E a gente enfrenta aprendendo e crescendo. A partir de janeiro vou fazer reflexões e ver se esse é o caminho que deve ser seguido, 2010 pode ser uma opção.

 JC -

 O senhor não participou ativamente da campanha do candidato do PSB. Isso teve um peso no resultado das eleições? 

ODACY -

 Contribuiu, e eu não posso negar. A forma como foi escolhido o candidato foi pouco comum. Petrolina é uma cidade que está no Sertão mas sabe se impor, respeitar e querer o respeito. A escolha (de Gonzaga Patriota) foi infeliz para todos nós, inclusive para a cidade. O partido entregou de mãos beijadas a prefeitura. Minha presença na campanha foi o deputado (Gonzaga) que não permitiu. Oferecemos todas as obras para ele divulgar, as ações, as máquinas no asfalto. Eu não sei porque ele não quis mostrar isso. E ficava numas palavras inseguras, o povo não sentia firmeza. E aconteceu o que aconteceu. Votei nele, ajudei o deputado e a campanha no que foi possível. O que não pude foi aparecer porque eu só iria fazer isso ao lado das obras do meu governo. Para me desgastar, como eles queriam, eu não fui. Falando de maneira franca, o deputado sabe que eu tentei ajudá-lo, ele é que não aproveitou. E olhe que temos um governo bem avaliado. Fui o prefeito que mais investiu em áreas irrigadas, escolas, educação. As pessoas demonstram que queriam a continuidade desse estilo de governar. A cidade escolheu outro nome, que não teve meu voto, mas teve o da maioria. Agora, o que eu não fiz foi impor, como o deputado. A dificuldade deles entenderem é que eu não sou político de imposição. A democracia exige a capacidade de aglutinação de forças, conquista, respeito às pessoas.

 JC -

 O senhor não esconde o desejo de voltar à prefeitura. Também afirma lealdade a Bezerra Coelho. Está preparado para seguir outro caminho caso ele venha a lançar algum filho na campanha de 2012? 

ODACY -

 Ao longo dos anos tenho construído um espaço político, de liderança, amigos, pessoas que se aglutinam em torno de meu nome e que juntam outras pessoas para criar a massa muscular da política. Sempre me dei muito bem com Fernando. O objetivo é trabalhar com cada um respeitando a liderança do outro. Com relação à prefeitura, não há dúvida de que a vontade de voltar é grande. O futuro não nos pertence, mas se eu puder contribuir com esse futuro, é de meu interesse.

 

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