quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Número de fugitivos do Cotel ainda é desconhecido


Um dia depois da fuga de mais de 50 detentos do Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel), Grande Recife - a maior fuga da história das prisões pernambucanas - o clima é de aparente tranqüilidade na manhã desta quarta-feira (27). De acordo com a Secretaria Estadual de Ressocialização (Seres), 46 detentos foram recapturados, mas ainda não se sabe o número total de fugitivos.
A Seres informou que uma nova contagem dos presos deve ser feita ainda na manhã desta quarta. Também existe a expectativa de que técnicos do Instituto de Criminalística (IC) vistoriem o local por onde os presos fugiram. No início do dia, cinco Guardas Especiais Temporários (GETs) foram trabalhar e assumiram as cinco guaritas do presídio.
FUGA - A ação expôs a fragilidade da segurança do sistema carcerário. Os presos aproveitaram a falta de homens nas cinco guaritas, descobertas desde as 8h30, porque 18 dos 20 GETs boicotaram o plantão. Às 13h, saíram por um buraco do refeitório desativado, usaram cordas para pular o muro que separa o presídio de uma obra da Secretaria-Executiva de Ressocialização do Estado (Seres) e renderam operários.
Policiais detidos no Centro de Reeducação da PM (Creed), prédio ao lado do Cotel, viram quando os presos se equilibravam na muralha sem ser incomodados. Desde as 9h, a Seres tinha conhecimento da falta dos GETs responsáveis pelas guaritas, segundo o superintendente de Segurança Penitenciária do Estado, coronel Isaac Wanderley. “A PM foi chamada, mas não dispunha de efetivo.” Entretanto, a comandante do 17º Batalhão da PM, major Conceição Antero, disse, uma hora antes, que só tomou conhecimento do problema após as 13h, ao ser acionada para buscar os fugitivos. “Não sabíamos de absolutamente nada. A informação que nos chegou foi da fuga.”
A caçada reuniu 200 homens da PM, sendo 50 somente do Batalhão de Choque e 12 da Companhia de Ações Táticas com Cães. Dois helicópteros tentavam flagrar fugitivos na mata da Estação Ecológica de Caetés e arredores. Antes da chegada dos PMs, auxiliaram na captura dezenas de soldados, cabos e sargentos moradores da Vila Militar, situada a menos de dez metros dos muros do Cotel. “Eu e um vizinho vimos uma movimentação estranha na rua. Depois só ouvimos os tiros”, lembrou um cabo, que preferiu não ser identificado e diz ter ajudado a encontrar mais de 20 presos.
Três dos trabalhadores da obra de um presídio feminino, por trás do Cotel, foram obrigados pelos fugitivos a tirar os uniformes, usados como disfarce. Na hora da fuga, 32 homens trabalhavam na construção. “Foi aquele nervosismo. De repente, 50 pessoas chegam em cima de você, ameaçando. Nos escondemos no escritório do engenheiro com medo de sermos feitos reféns”, contou um pedreiro, que não informou o nome. PMs chegaram a tempo de impedir que 28 dos presos que invadiram a obra pudessem correr. Os demais, detidos em locais como a PE-18, o terreno da Fábrica Bombril (Igarassu) e um ônibus. Durante revista no presídio, o Batalhão de Choque encontrou dezenas de facas artesanais, porretes, garrafas de bebida, celulares e pequena quantidade de maconha e crack.
A delegada de Abreu e Lima, Margareth Galdino, instaurou inquérito para apurar as responsabilidades no episódio. “Eles passaram pelo pátio e entraram no subsolo, onde fica o refeitório desativado, sem dificuldade alguma”, comentou.

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